(Parte do Mapa de Moçambique com o rio Messalo e a zona de acção da Operação assinalados).
-Em determinada "Operação", mais concretamente na sua 2ª fase, já que fomos substituir os militares que participaram na 1ª, tínhamos como missão principal um golpe de mão a uma Base IN situada na zona dos montes N,Teco, na Província de Cabo Delgado.
O Agrupamento 1 era constituído por:
-1º Grupo de Combate;
-3º Grupo de Combate;
-3 Equipas do 2º Grupo de Combate;
-Comandava o Agrupamento o Cap. Artª "CMD" António Marques Abrantes dos Santos, Comandante da 7ª CCMDS/MOÇ.
-No dia marcado para o início da operação, saimos do aldeamento da Mataca, e fomos transportados em várias "levas" de helicóptero, para o local onde também seriam recolhidos os nossos camaradas que participaram na 1ª fase da dita operação.
-Ali muito perto do local onde fomos largados logo nos deparámos com um trilho, que supostamente conduziria á Base. Iniciámos então a progressão seguindo sempre perto do trilho até ao momento em que foi decidido fazer um pequeno "alto" para sacarmos de algumas coisas que levávamos nas mochilas, e almoçar.
-Como mandam as regras, durante o tempo em que estivémos parados para comer, duas equipas de combate, estratégicamente colocadas, emboscaram o trilho, não fossemos ter algum amargo de boca.
-Terminada a refeição, o que não demorou muito tempo, reiniciámos a progressão e, para nosso espanto, passados alguns minutos, demos de caras com uma pequena Base.
-Tomados de imediato os necessários procedimentos, a minha equipa e a do Fur. Simôes (Kiko), foram, pelo Comandante do Agrupamento, mandadas tomar posição, para assegurar a protecção da equipa que ia na frente.
-Mál tivémos tempo de nos organizar quando surgiram duas rajadas de AK-47 (Kalaschnikov) que só por muita sorte não atingiram nenhum de nós. O Simões, que até é um rapaz assim para o "baixote."...mal teve tempo de se atirar para o chão, mas viu claramente os ramos de árvore a cairem á nossa volta resultantes dos tiros.
-Esta Base tinha sido muito recentemente abandonada e os guerrilheiros que dispararam sobre nós estariam ainda a recolher algumas coisas. Verificámos que foi abandonada á pressa pela quantidade de coisas que ainda lá encontrámos. Tratava-se de um pequeno hospital ou destacamento sanitário, pois havia alguns medicamentos e outros materiais de primeiros socorros.
-Refeitos deste contratempo, que não nos causou danos felizmente, iniciámos a perseguição aos elementos que nos flagelaram, que se dirigiram para o rio Messalo, atravessando-o para a outra margem.
-Aquela zona junto ao rio, onde nos encontrávamos, era quase "terra de ninguém", não falando já da outra margem que era considerada "zona libertada". A margem direita pertencia ao Sector de Porto Amélia (Pemba) e a margem esquerda ao de Mueda.
-A chamada tropa "normal" não se aventurava para a margem esquerda do rio, e os do lado de Mueda também lá não chegavam, pelo que os guerrilheiros se sentiam lá muito "á vontade", e julgo mesmo que pensavam que ali não seriam perturbados.
-Apercebemo-nos disso porque quando transpusémos o rio para o outro lado, na continuação da perseguição, e poucos metros tinhamos avançado naquela margem quando o Sold. "CMD" Henrique Sousa, que era o homem que ia na frente, mandou para trás um passa-palavra e fez sinal, de que estava a ver os guerrilheiros.
-Imediatamente o Comandante deu instruções no sentido de os neutralizar. Na aproximação, tal era a convicção que eles tinham de ali não serem perseguidos, que estavam em amena "cavaqueira" uns com os outros, descurando, quase por completo, as mais elementares regras de segurança. Abrimos fogo e abatemos um elemento e ferido outro.
-A tarde já ia longa e havia que rápidamente sair dali e procurar um sitio seguro para dormir, e também porque, era quase certo, dali a pouco começaria a "chover morteirada".
-Por acaso não aconteceu, daquela vez!!!..
-Em África anoitece cedo mas amanhece cedo também.
-Cerca das 05H00 da manhã iniciámos a progressão daquele dia, flanqueando o trilho , que do antecendente vinhamos seguindo. Cerca das 06H15 sofremos uma emboscada que nos foi "preparada" por cerca de 20 elementos IN, que mais consequências não teve de que, um cantil furado (o do Laice, salvo erro) um guarda mão de G-3 destruído e um carregador de munições também destruído, e isso sim poderia ter sido grave para o seu portador, houve também pequenas escoriações em alguns de nós.
-Percebemos então porque não nos flagelaram com "morteirada" no dia anterior.
-Continuou-se a progressão e um pouco mais á frente fomos novamente atacados, resultando desta vez ferimentos no Sold. "CMD" Amilcar Pereira que teve de ser evacuado para Mueda.
-A progressão continuava e a certa altura deparámo-nos com um trilho, bastante mais batido, que segundo os guias, conduziria á base. Montando emboscadas neste trilho, ali permanecemos até ao anoitecer, para então iniciarmos a progressão em direcção á base.
-Caminhámos quase toda a noite e cerca das 05H00 chegámos ao nosso objectivo, que contudo havia sido também abandonado, talvez um ou dois dias antes. Era uma base relativamente grande e bem estruturada. Estava estratégicamente bem colocada e tinha condições para albergar um razoável número de guerrilheiros.
-No dia seguinte, aliás, na noite seguinte, seguimos ainda um outro trilho que nos conduziria a uma outra base. Mas na aproximação aconteceu o que eu considero o caricato desta Operação. Ouvimos galos a cantar (que não é muito vulgar á noite), e isso deu-nos uma grande ajuda na localização do objectivo .
Os bichos estavam eufóricos,não se calavam.
-Também aqui não encontrámos ninguém, mas esta base foi abandonada, muito á pressa naquela noite, não havendo sequer tempo para recolher os galos cantantes.......
-Percebemos o motivo porque os galos não se calavam. Foram "despertados" pela movimentação dos guerrilheiros a abandonar o local.
-Foi esta operação de quatro dias muito fértil em contactos com o IN. Mesmo quando estávamos á espera dos helicopteros para sermos recolhidos, fomos flagelados, uma vez mais sem grandes consequências mas que nos fez "abortar" a primeira aproximação aos hélios.
-Regressados a Montepuez, foi ali que fizémos o habitual "refrescamento" após cada intervenção, dessa vez não tivémos a sorte de irmos para a Ilha de Moçambique.
(Pequeno-alto para refeição, o Mota estava muito pensativo e eu entretinha-me a comer)
(
(Montagem de estacionamento no Distrito de Tete, á volta de uma "frondosa" árvore. Reparem no pormenor do militar com uma enxada ao ombro, mas com a G-3 pronta)
. Alf.Milº "COMANDO" FELICI...
. Série televisiva a Guerra...
. República/Monarquia-Breve...
. Impressões de uma viagem ...
. Fotos do convivio de 2010...
. Convivio de 2010 da 7ª Co...