Quando a 7ª CCMDS/MOÇ foi constituída, e estou portanto a referir-me ao ano de1973, o Exército Português não dispunha ainda dos modernos equipamentos de campanha, nomeadamente cozinhas e material para banhos, com que actualmente já está dotado, ou pelo menos não os teria ainda em quantidade tal que permitisse a sua distribuição a todas as Unidades que deles necessitassem.
Em boa verdade, para nós Comandos, esse material, apesar de necessário, também nos .complicava um pouco a situação, dada a especificidade da nossa actividade operacional.
De facto, dado que andávamos sempre de um lado para o outro, não era muito prático, andar com esses equipamentos “atrás” de nós.
Quando partíamos para uma “intervenção” levávamos apenas o fundamental e indispensável.
Era impensável, por exemplo, partir-mos sem levar munições.
Quanto ao resto improvisávamos e devo dizer que nos desenrascávamos muito bem.
A confecção da comida não era problema, ainda que pudesse faltar o gaz para os fogões havia sempre a alternativa da lenha, e essa não faltava havia muita na mata. Contudo, havia que ir buscá-la e isso comportava algum risco dado que tínhamos de deslocar-nos em “picadas” que poderiam estar minadas.
Quanto ao equipamento para os banhos. Esse também era um assunto de fácil resolução.
Transportávamos sempre connosco três ou quatro tambores com capacidade para 200 litros de água cada ,e que colocados em cima de uma estrutura de madeira, a uma altura de dois metros do chão, resolviam ás mil maravilhas os nossos propósitos.
Era depois necessário encher de água os referidos tambores e para tal dispunha-mos de atrelados tanque com capacidade de 1000 litros cada, aos quais estavam acopladas uma bomba manual e outra a gasolina, havendo então que procurar o local onde faríamos a captação.
O abastecimento de água era feito, normalmente, por uma equipa do Grupo de Alerta, e da responsabilidade do Graduado de Dia que deveria sempre verificar se o dispositivo necessitava de ser abastecido.
Quando, por algum motivo, faltava água para o duche, e isso aconteceu algumas vezes, havia sempre alarido e confusão que acabava por chegar aos ouvidos do Comandante da Companhia.
O Furriel São Marcos, sempre que acontecia faltar a água nos tambores, era dos que mais exuberantemente se manifestava e criticava a situação, ( que para ele era (sempre) insólita….)
Era próprio do São Marcos, a ele tudo acontecia apesar de haver tanta gente ao seu redor!!..
Um belo dia, estando o São Marcos com as funções de Graduado Dia, e portanto com a responsabilidade do abastecimento de água, a dita cuja, faltou nos tambores, gerando-se com isso a habitual confusão.
Inevitavelmente , o barulho chegou aos ouvidos do Comandante da Companhia que logo mandou chamar o Graduado Dia (São Marcos), e que depois de ouvir deste o motivo da falta de água, lhe disse:
“Está a ver São Marcos, você que reclama sempre que não há água para o banho, desta vez também permitiu que isso acontecesse. Ás vezes perdemos por falar demais, pela boca morre o peixe”.
Devo confessar que na altura fiquei até um pouco preocupado com esta situação, sim, porque como todos nós da 7ª Companhia bem sabemos, o São Marcos era então, e ainda hoje é, um individuo com uma constituição física (muito) frágil….!!!, e eu tinha receio que ele não se aguentasse ao “balanço” e se fosse “abaixo”.
Mas foi preocupação em vão porque o São Marcos aguentou-se bem com o “impacto”.
Julgo que o Comandante lhe terá dito ainda mais qualquer coisa, eventualmente algumas palavras mais duras, mas dessas eu não tenho conhecimento.
Dali para a frente, mais ninguém deixou faltar a água nos tambores.
Para grandes males.........
-Sousa,Quelhas,São Marcos e Reis (já falecido, infelizmente)
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