Excertos das notícias publicadas pelo jornal DIÁRIO DE NOTÍCIAS, de Moçambique dos dias 25 e 26 de Fevereiro de 1973, a propósito das cerimónias de encerramento do 7º curso de Comandos e formação da 7ª COMPANHIA DE COMANDOS DE MOÇAMBIQUE.
Dado que se trata de noticiais muito extensas, optei por transcrever apenas algumas partes que entendi como sendo as mais significativas.
Jornal do Dia 25FEV
A cerimónia realizou-se em Montepuez e foi presidida pelo Gen. Kaúlza de Arriaga
"MONTEPUEZ, 25 - Quando a cerimónia terminou, um alferes, muito jovem e muito cansado, afastou-se para uma sombra neste dia quente, carregado de nuvens, abafado da humidade. E quando lhe perguntei directamente por que razão tinha escolhido os "Comandos". olhou-me com uma grande petulância, e atirou : « Tem ideia melhor para mim no Moçambique de agora»?
Pondo de parte o que possa haver de orgulhoso exagero na resposta de um jovem moçambicano que a partir de hoje vai comandar um grupo de jovens moçambicanos, aquela frase, naquele sítio e naquela hora, tinha justificação de fundo e de forma . Há poucos minutos, neste terreiro engalanado e quente de Montepuez, cento e onze novos "comandos" responderam que sim dum grito arrancado às suas vontades à pergunta sacramental: « Queres ser Comando? »
Kaúlza de Arriaga, que é o homem mais impenetravel que tenho conhecido, trazia os olhos muito brilhantes, notóriamente empolgados, quando regressou à tribuna de honra, depois de ter passado para as maõs do Comandante da 7ª Companhia de Comandos de Moçambique o guião que, como é hábito, a população de Montepuez ofereceu à recém- constituída unidade de combate. Mais tarde entre uma centena de convidados que se refrescavam num beberete debaixo de embondeiros, o Comandante-Chefe fez questão de ser fotografado no meio dos novos oficiais "Comandos" de Moçambique. A 7ª Companhia estava formada, instruída e até já contava com cinco mortos (emocionadamente recordados na cerimónia de imposição de crachás). Desde hoje, Moçambique conta com os seus sete oficiais, vinte e um furriéis e oitenta e três soldados.
« Mama suma» quer dizer « aqui estamos» foram a frase e a ideia mais presente hoje nesta pequena e longínqua cidade moçambicana. "
A cerimónia
" A cerimónia de imposição de insignias e constituição da 7ª Companhia de Comandos de Moçambique foi presidida pelo General Comandante-Chefe, Kaúlza de Arriaga. Presentes também, o Governador do Distrito de Cabo Delgado, Comandante Santos Prado, o Brigadeiro Neto, Comandante da 3ª Região Aérea, o Comandante do Sector "B", Coronel Damião, e os Consúles da Alemanha, dos Estados Unidos e da África do Sul, acreditados em Lourenço Marques.
Grande multidão enquadrava a Escola de Comandos para assistir à cerimónia de fim do curso de Comandos que aqui se realiza.
Esta nova Companhia é predominantemente constituída por africanos que, tal como os europeus, são naturais de Moçambique. Entre os soldados, nomeadamente,a percentagem de negros é de 55,5 por cento.
O General Kaúlza de Arriaga, que se deslocou propositadamente de Nampula, chegou a Montepuez ás 9 horas. Depois das cerimónias da praxe, à entrada do Batalhão de Comandos, o Comandante-Chefe tomou lugar a presidir na tribuna de honra.
A guarda de honra ao General Kaúlza de Arriaga fora prestada pela 34ª Companhia de Comandos.
No decorrer da cerimónia, o momento mais emocionante foi o da chamada aos mortos, cinco elementos falecidos durante a instrução - três por doença e dois por acidente com arma de fogo. «Para nós eles não morreram» - afirmou o Comandante da Escola , Major Jaime Neves, nas palavras que proferiu a abrir a cerimónia.
A 7ª Companhia de Comandos de Moçambique será comandada pelo Capitão Abrantes dos Santos. No final da sua instrução, e como já é habitual também, este grupo realizou uma operação, que teve o nome de código "OUSADIA 3" e em consequência da qual foram abatidos cinco elementos IN, outros quatro feridos e capturada uma espingarda semi-automática Simonov, sendo também destruídos vários abrigos. Esta operação decorreu na região de Macomia, a norte de Cabo Delgado.
A preparação militar dos novos Comandos durou quinze semanas e os instruendos foram submetidos a um treino severo e completo.
Este 7º curso foi iniciado por três oficiais, treze instruendos do curso de oficiais milicianos, cinquenta e um instruendos do curso de sargentos milicianos, e duzentos e cinquenta e cinco instruendos do contingente geral. Obtiveram aproveitamento respectivamente, um oficial, seis instruendos do COM, vinte e um instruendos do CSM , e oitenta e três instruendos do Contingente Geral. De notar que todo este pessoal, antes de ingressar no Batalhão de Comandos, havia sido já sujeito a duas selecções.. "
A Sorte Protege os Audazes
"Deste longíquo Cabo Delgado, dou-vos a boa nova de que o Grito "Mama Suma" voltou a ecoar na Escola dos Comandos, desta vez por novos elementos, com novas fardas, mas com uma só mentalidade: " A SORTE PROTEGE OS AUDAZES".
Jornal do Dia 26FEV
Inicio e desenrolar da cerimónia
"-Depois da continência que lhe foi prestada pelas forças em parada, com terno de clarim, num total de três Companhias, sob o comando dos capitães Moura, Carapeta e Abrantes dos Santos, das 32ª , 34ª e 7ª Companhias, o General Kaúlza de Arriaga passou depois revista às mesmas, acompanhado do Major Jaime Neves, do Comandante das forças, capitão Carapeta. Mais tarde, o Comandante do Batalhão de Comandos, Major Jaime Neves, proferiu uma vibrante alocução de exortação patriótica à 7ª Companhia de Comandos recém-formada, cujas palavras despertaram momentos de extrema comoção em toda a assitência, terminando com o tradicional grito de guerra "Comando" :« Mama Suma», ao qual responderam todas as forças em parada em uníssono."
Momento mais solene e de maior significado humano
"-Depois do capitão Carapeta, designado para comandar as forças em parada, ter procedido à leitura do Código "Comando", seguiu-se o momento de maior significado humano, a tradicional chamada aos mortos.
Durante este cerimonial, foi foi observado em sentido e em atitude de profundo recolhimento, um minuto de silêncio, em homenagem póstuma a, a cinco militares, instruendos da 7ª Companhia de Comandos, que morreram durante a instrução, seguido do toque de alvorada, simbolo do dia a dia que renasce.
À medida que era efectuada a chamada dos militares falecidos, cujas identidades e circunstâncias que rodearam a sua morte eram reveladas, todos os "Comandos" respondiam «Presente» justamente para significar que para eles aqueles camaradas não morreram."
Imposição de insignías à 7ª Companhia
"-Seguiu-se a cerimónia de imposição de crachás aos elementos da 7ª Companhia que terminaram com aproveitamento o Curso de Comandos da Região Militar de Moçambique.
Para o efeito, os 111 elementos que formam esta Companhia, receberam das maõs de outros camaradas já velhos "Comandos", os respectivos crachás, após responderem em voz alta e sem a mínima hesitação: «Quero» à pergunta se queria ser "Comando". "
"Integrado no ritual "Comando" , teve posteriormente lugar o acto de transmissão de comando dos instrutores, para os oficiais que terminaram com aproveitamento o 7º Curso de Comandos, seguida da leitura do artigo da Ordem de Serviço , que publica a criação desta Companhia da Região Militar de Moçambique.
" A encerrar a cerimónia foi oferecido posteriormente, um almoço de confraternização a todos os convidados, no refeitório geral dos praças, a que assistiram também além do General Kaúlza de Arriaga e esposa, o Comandante Santos Prado, presidente da Câmara de Montepuez e diversos oficiais superiores, capitães e subalternos. No final do repasto, falaram o Alferes Miliciano "Comando" Feliciano Muchine e o Soldado "Comando" Calisto, para agradecerem a presença do General Comandante-Chefe e bem assim de todos os outros convidados que se dignaram honrar com a sua presença, os «rapazes» da 7ª Companhia de Comandos . "
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